Em processo de retomada das atividades após o auge da crise econômica do corona virus, o setor industrial brasileiro enfrenta agora a falta de matéria-prima e o aumento de preços dos produtos necessários para produção.
De acordo com dados de sondagem especial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), 68% das empresas estão com dificuldades para comprar matéria-prima no mercado nacional. Dentre as empresas que utilizam insumos importados regularmente, 56% relataram dificuldade.
Além disso, 82% perceberam alta nos preços, sendo que 31% falam em alta acentuada. A pesquisa contou com a participação de 1.855 empresas, entre 1º e 14 de outubro, em 27 setores das indústrias de transformação e extrativas.
Segundo o presidente da CNI, Robson de Andrade, as empresas optaram por reduzir seus estoques para enfrentar a queda do faturamento e o difícil acesso ao capital de giro nos primeiros meses da crise.
“A economia reagia em uma velocidade acima da esperada. Assim, tivemos um descompasso entre a oferta e a procura de insumos. E tanto produtores quanto fornecedores estavam com os estoques baixos.”
“Além disso, temos a forte desvalorização do real, que contribuiu para o aumento dos preços dos insumos importados”, afirmou o presidente da CNI.
A pesquisa aponta que 44% estão com problemas para atender seus clientes. Os motivos indicados foram:
Do total de empresas que não conseguem aumentar a produção, 76% alegaram que não conseguem ampliá-la pela falta de matéria-prima. E o problema deve durar pelo menos mais três meses.
Mais da metade (55%) das empresas acreditam que a capacidade de atender a procura voltará ao normal apenas em 2021.
Em 10 dos 27 setores considerados, ao menos metade das empresas está com dificuldades para atender os pedidos. O percentual de empresas que encontram dificuldades para atender seus clientes é maior nos setores móveis (70%), têxteis (65%) e produtos de material plástico (62%).
A falta de matéria-prima para a linha de produção é mais grave entre as empresas de pequeno porte. Nesse segmento, 70% foram afetadas pela falta de insumos, ante 66% nas grandes.
O percentual de empresas menores que afirmam enfrentar muita dificuldade é maior, alcançando 28% entre as pequenas empresas e 27% entre as médias.